Acupuntura e controle da inflamação: bases neurobiológicas.
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Acupuntura e controle da inflamação: bases neurobiológicas.



Uma equipe de pesquisadores liderada por neurocientistas da Harvard Medical School usou com sucesso a acupuntura para controlar a tempestade de citocinas em ratos com inflamação sistêmica. No estudo, publicado em 12 de agosto na Neuron, a acupuntura ativou diferentes vias de sinalização que desencadearam uma resposta pró-inflamatória ou anti-inflamatória em animais com inflamação sistêmica induzida por bactérias.


Além disso, a equipe descobriu que três fatores determinaram como a acupuntura afetou a resposta: local, intensidade e tempo de tratamento. Onde no corpo a estimulação ocorreu, quão forte ela foi e quando a estimulação foi administrada produziu efeitos dramaticamente diferentes nos marcadores inflamatórios e na sobrevivência.


A acupuntura, enraizada na medicina tradicional chinesa, recentemente se tornou mais integrada à medicina ocidental, particularmente para o tratamento de dores crônicas e distúrbios gastrointestinais. A abordagem envolve a estimulação mecânica de certos pontos da superfície do corpo - conhecidos como pontos de acupuntura. A estimulação supostamente dispara a sinalização nervosa e afeta remotamente a função dos órgãos internos correspondentes a pontos de acupuntura específicos.


No entanto, os mecanismos básicos subjacentes à ação e ao efeito da acupuntura não foram totalmente elucidados. O novo estudo é um passo importante no mapeamento da neuroanatomia da acupuntura, disse a equipe de pesquisa.


No estudo atual, os pesquisadores usaram a eletroacupuntura - uma versão moderna da abordagem manual tradicional que envolve a inserção de agulhas ultrafinas logo abaixo da pele em várias áreas do corpo. Em vez de agulhas, a eletroacupuntura usa eletrodos muito finos inseridos na pele e no tecido conjuntivo, oferecendo melhor controle das intensidades de estimulação.


Em um conjunto de experimentos, os pesquisadores aplicaram eletroacupuntura de baixa intensidade (0,5 miliamperes) em um ponto específico nas patas traseiras de ratos com tempestade de citocinas causada por uma toxina bacteriana. Essa estimulação ativou o eixo vago-adrenal, induzindo a secreção de dopamina pelas células cromafins das glândulas adrenais. Os animais tratados desta forma tiveram níveis mais baixos de três tipos principais de citocinas indutoras de inflamação e tiveram maior sobrevivência do que os ratos controle – 60% dos animais tratados com acupuntura sobreviveram, em comparação com 20% dos animais não tratados. Curiosamente, os pesquisadores observaram, o eixo vago-adrenal pode ser ativado por meio da eletroacupuntura dos membros posteriores, mas não a partir de pontos de acupuntura abdominal - uma descoberta que mostra a importância da seletividade dos pontos de acupuntura na condução de vias anti-inflamatórias específicas.

Em outro experimento, a equipe aplicou eletroacupuntura de alta intensidade (3 miliamperes) ao mesmo ponto de acupuntura da perna traseira, bem como a um ponto de acupuntura no abdômen de ratos com sepse. Essa estimulação ativou as fibras nervosas noradrenérgicas no baço. O momento do tratamento foi crítico, observaram os pesquisadores. A estimulação de alta intensidade do abdômen produziu resultados significativamente diferentes dependendo de quando o tratamento ocorreu.


Animais tratados com acupuntura imediatamente antes de desenvolverem tempestade de citocinas, experimentaram níveis mais baixos de inflamação durante a doença subsequente e se saíram melhor. Essa medida preventiva de estimulação de alta intensidade aumentou a sobrevida de 20 para 80 por cento. Em contraste, os animais que receberam acupuntura após o início da doença e durante o pico da tempestade de citocinas apresentaram inflamação pior e doença mais grave.


Os resultados demonstram como o mesmo estímulo pode produzir resultados dramaticamente diferentes dependendo da localização, tempo e intensidade. “Essa observação reforça a ideia de que, se praticada de forma inadequada, a acupuntura pode ter resultados prejudiciais”, disse o pesquisador líder da equipe.


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